Páginas

História

O LENÇO DOS NAMORADOS


Pensa-se que a origem dos “ lenços dos namorados”, também conhecidos como “lenços dos pedidos”, esteja nos lenços senhoris dos séc. XVII e XVIII, e mais tarde adoptados pelas mulheres do povo com o fim de conquistar o seu namorado.
Desde sempre, os portugueses partiram, ou para ganhar o sustento noutro lugar, ou para a guerra, ou para embarcarem em navios na aventura da Expansão. Em casa ficavam as mulheres e as crianças sós e tristes que trabalhavam na terra, fiavam o linho, amassavam o pão e iam vivendo de esperança.
Ora, na hora da despedida, em certas regiões do norte de Portugal, era “obrigatório” a rapariga apaixonada oferecer um lenço ao namorado. Lenço bordado por ela, com uma quadra da sua autoria. Se bordava com erros ortográficos, isso era pormenor insignificante, o que contava e conta são os sentimentos. Depois dos abraços e dos beijos de despedida, o rapaz levava algo que lhe fazia lembrar a amada distante. Este lenço era como uma carta, mas mais bela e quase indestrutível bordada em linho fino, no qual — quem sabe! — algumas lágrimas masculinas caíram nos momentos de maior tristeza.
É principalmente na região do Minho que esses “lenços de namorados” têm a sua mais bela expressão. Houve bordados apenas a branco ou a negro, mas os mais comuns têm muitas cores e há desenhos obrigatórios. Nessa linguagem secreta fique a saber que rosa quer dizer mulher, coração é amor, lírios simbolizam a virgindade, cravos vermelhos são sinónimo de provocação e os pombinhos significam os namorados como não poderia deixar de ser. Existem muitos mais sinais de amor.
Os lenços carregam consigo sentimentos amorosos de uma rapariga em idade de casar, revelados através de variados símbolos, como a fidelidade, a dedicação, a amizade e outros. Caso a rapariga não fosse correspondida o lenço voltaria às suas mãos.
Outras vezes eles eram motivo duma simples brincadeira ou troca de palavras. Nas festas os rapazes tiravam o lenço às raparigas simulando uma ligação amorosa. Quando o rapaz já tinha namorada, o facto de simular uma ligação com outra ao roubar-lhe o lenço era muitas vezes motivo de desavença entre a sua namorada e aquela a quem o lenço tinha sido roubado.
O lenço no rapaz, para além de ser usado por cima do casaco domingueiro, podia também ser usado na aba do chapéu ou até mesmo na ponta da vara que era costume o rapaz trazer consigo.
Do mais “clássico “ ao mais “barroco” na exibição decorativa, em todos os lenços está presente a temática amorosa.
Uma ideologia, uma religião ou uma paixão ardente, é o que defendem estes lenços. No fundo uma maneira de sentir a vida, talvez mesmo recriando-a inconscientemente.

http://www.leme.pt/destaques/diadosnamorados.html, , 2 de Fevereiro de 2009, 11h00.


    

 As Marafonas



 As bonecas designadas por “Marafonas” são confecionadas a partir de uma cruz revestidas com trajes coloridos. As marafonas não têm boca, nem olhos, e estão associadas ao culto da fertilidade. Devem ser colocadas debaixo da cama dos recém- casados (como não têm olhos nem boca, nada veem nem podem contar). São também  usadas pelas mulheres de Monsanto nas festas das cruzes , no dia 3 de maio se for domingo, caso contrário no domingo seguinte. Durante a festa, mulheres casadoiras bailam com as Marafonas . Depois da festa as bonecas são deixadas em cima da cama, onde têm o poder de livrar a casa das tempestades, de trovoadas e de mau olhado.



Sem comentários:

Enviar um comentário